quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Revendo escolhas na Semana das Crianças

É a semana da criança e me peguei pensando no que gostaria de escrever nesta época, o que gostaria de compartilhar. Nesta semana, mexendo com o site Maternidade Consciente, reli muitos dos comentários que foram enviados sobre os diversos artigos. Me chamou a atenção, e sempre me chama, quantos comentários recebemos pelos textos de depoimentos sobre desmame que temos publicados no Portal Maternidade Consciente. Trabalho com o incentivo ao aleitamento materno prolongado, e sei que pensar em desmame é sempre um tema delicado e cheio de polêmicas. Neste momento não vou tratar especificamente do tema do desmame, mas do que me chamou mais atenção quanto aos dois depoimentos sobre desmame: o retorno positivo que temos recebido das mulheres sobre as informações compartilhadas nestes depoimentos. As duas mães que escreveram sobre suas experiências para o site tiveram em comum uma situação de profundo respeito ao tempo do bebê e suas necessidades, e também ao seu próprio tempo e necessidades enquanto mulheres e mães. 

Ao ler sobre as experiências destas  mães que falam de desmame natural e respeitoso, muitas mulheres têm comentado que repensaram suas decisões sobre desmamar o filho. Elas vieram até a internet para buscar informações sobre como proceder quanto ao desmame, muitas com seus bebês bem mais novos que 2 anos de idade, algumas poucas já próximas dessa fase. Muitas estavam se forçando a desmamar, seja por pressão social, seja por pressão de si mesmas, de suas crenças e julgamentos sobre o que devem fazer com os filhos. Muitas estavam buscando por alguém que lhes dissessem o que é correto fazer, já sem saber o que realmente queriam, sem conseguir sentir o que realmente era importante neste processo para si e para seus bebês. E ao ler os depoimentos, estas mulheres têm compartilhado conosco que repensaram tudo o que estavam fazendo, a maioria nos disse que iriam adiar o desmame, porque realmente não se sentiam prontas, muito menos seus bebês! E que alegria e emoção é poder testemunhar estes relatos, de mulheres repensando escolhas ao ouvirem de outras mães que é possível encontrar outro caminho, de respeito e amor para ambas as partes envolvidas: mãe e bebê. Não só a mãe que sai ganhando, mas principalmente o bebê, que pode receber dessa mãe outra qualidade de atenção, com respeito ao seu ritmo e necessidades, ao momento de suas vidas. 

Na semana das crianças, que possamos pensar em atitudes que ajudem as mães a estarem mais inteiras para seus bebês, que as ajude a rever suas escolhas e experiências de maternagem. Leia alguns insights a respeito deste assunto no Portal Maternidade Consciente, no texto "Entre a criança que tenho e a criança que fui".


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O Início

Me recordo até hoje da primeira prática de respiração que fiz. Eu ia prestar meu segundo vestibular, para psicologia, e meu pai, terapeuta, ofereceu para me conduzir em um trabalho de relaxamento com respiração, na intenção de me ajudar a ficar tranquila para a prova. Fui até o consultório e ele me explicou como eu teria que respirar, as cortinas da sala fechadas, ambiente de penumbra, me cobriu com um cobertor -  a sensação era de estar bem quentinha, protegida, - comecei a respirar. Não me recordo em detalhes o que senti, só me lembro de ter sentido formigamento no corpo todo, mas estava bom. Ouvia de vez em quando meu pai me dizendo para respirar, para manter a respiração profunda. Quando terminei, relaxei profundamente, deitada ali, naquele escurinho, debaixo do cobertor. Me senti muito bem. Fiz a prova, senti que fui bem. 

No primeiro vestibular, um ano antes, eu havia prestado para Comunicação Social, e no último dia de provas discursivas eu tive um "branco" e esqueci algumas respostas, por 1 ponto não passei. Não era para ser, assim vejo hoje. Era psicologia mesmo que eu deveria fazer. Passei. Tempos depois, comecei a frequentar as práticas terapêuticas que meu pai oferecia em grupos, vivências de meditação ativa, Renascimento e outras terapias corporais. Me apaixonei pela respiração e pelo trabalho que ele desenvolvia com o Riso. Até hoje trabalho com as duas coisas, foi amor à primeira vista, amor total à primeira experiência. Depois, compartilho mais sobre minhas experiências com o Riso. Hoje vou falar da respiração.

Pedi para o meu pai me ensinar a praticar a técnica do Renascimento, a trabalhar com isso. Ele se propôs a montar um curso, queria me passar tudo que sabia. Em 2003 o curso aconteceu, foram 6 meses de formação, em finais de semana, no sítio que tinha em Santa Teresa/ES, com um grupo de pessoas que estava também queria atuar profissionalmente com a técnica de Renascimento. No mesmo ano eu havia iniciado uma formação em Psicoterapias Corporais Reichianas e Neo-Reichianas, participava de um grupo mensal de meditações na linha do Osho (Escola de Mistérios do Prashanto) e estava participando também das atividades regulares oferecidas por meu pai , então à essa altura, já tinha um bom repertório de experiências corporais intensas. Foi um ano e meio de muita intensidade, toda semana experimentando um trabalho terapêutico, quase todo fim de semana imersa em grupos vivenciais. Um ano e meio de experiências incríveis e profundo mergulho em minha história, em quem eu era naquele momento.Foi um período de muito amadurecimento.

A formação em Renascimento e Terapias Integradas de Respiração foi um presente maravilhoso que recebi de meu pai. Sinto que foi o reencontro com minha missão neste planeta, com meu propósito de vida. Nos 6 meses de curso, respiramos de diversas formas: a seco, na água, em meio à natureza, junto ao fogo, em meio ao movimento, de frente para o espelho.,oram muitas experiências especiais. Inúmeras sensações físicas diferentes, emoções, sentimentos, memórias resgatadas. Descobri muito sobre o universo dos nascimentos, sobre o início de nossas vidas, sobre nossas experiências enquanto bebês, o potencial que nossa respiração tem e o quanto ela está na base de tudo que experimentamos. Vivenciei na pele experiências profundas sobre minha infância, revivi sensações de ser bebê novamente, renasci. Foi em um dos finais de semana do curso que, assistindo a um vídeo sobre parto na água na Rússia, chorei de emoção e senti que iria um dia trabalhar com mães e bebês também. E assim aconteceu, o tempo passou, continuei fascinada pela respiração, por mães e bebês, continuei pesquisando tudo sobre estes assuntos e aos poucos fui encontrando caminhos de trabalho. Hoje trabalho com ambas as coisas.

E aqui neste espaço, neste blog, começarei a compartilhar experiências, insights, transformações que tenho vivido neste universo e observado em meu trabalho com os seres humanos. Acredito que enquanto temos um vasto potencial para desenvolver ainda, especialmente em termos de consciência e amorosidade. E compartilhar experiências de crescimento, compartilhar a visão de uma nova humanidade é algo que acredito que por si só já é transformador. Seja bem-vindo (a) para compartilhar também! :-)